Numa noite fantástica de céu estrelado
Ia apressado ladeira acima o João
Para não chegar tarde à sua aula de Inglês.
Nessa noite silenciosa de céu pintalgado,
Um estranho barulho despertou sua atenção.
Estupefacto, voltou-se por sua vez,mas nada viu.
Sorriu,
E como estava atrasado
Não lhe deu mais importância
E seguiu seu caminho.
Terminadas as aulas o aluno retardado
Galgava a distância
Indo para casa sozinho.
Assobiava,
Enquanto caminhava e
Qual não foi o seu espanto,
Quando do cemitério se aproximou
E estranhos uivos e sons de raspar escutou.
Ficou receiouso,
Mas como era tão curioso
Não resistiu a junto do portão do cemitério chegar.
Afastou lentamente o portão
Que da idade desengonçado e ferrugento
Exprimiu sua dor num atordoante guinchar.
João perturbado pouco ou nada conseguiu ajuizar,
Quando olhou ao seu redor.
Sentia seu coração a saltar-lhe do peito,
Suas pernas bambas recusavam-se a avançar,
Mas João insistiu e obrigou-as a andar.
O ruído tornava-se agora cada vez mais audível.
E João continha sua respiração
Para não ser apanhado de antemão.
Sorte a dele não ser muito susceptível
Pois o que depois observou foi incrível.
Junto ao jazigo agachado um negro vulto se posicionava,
Com gestos monotonos e certeiros
Naquele leito de morte trabalhava.
Pelo fedor que o rodiava pouco aborrecido,
Aquela figura com esgaçadas roupas vestido
Trabalhava sem parar e sem uma palavra soltar.
João, cuja curiosidade era maior que o medo que sentia,
Desejava saber o que fazia.
Aproximou-se lentamente,
E vislumbrou a figura de aspecto fuinha,
Com mãos contorcendo-se vigorosamente
Como se se quissessem se separar do corpo que as retinha.
João encheu-se de coragem
E num folego de alta voltagem
Disse:«Senhor, que faz aqui a esta hora?
Já não devia se ter ido embora?»
Aquele pedacinho de gente rodopiou com agilidade
E para o João olhou sem qualquer animosidade.
Olhou se é isso que se pode lhe chamar,
Pois a caveira que o fitou
No lugar dos olhos só tinha cavidades.
«Ai mãezinha, que será de mim?!
Que ideia a minha eu vir até aqui.»
Gritou João exasperado,
Sua cabeça para um lado e seu corpo para o outro virado,
Galopando entre os últimos pousos da humanidade
Em direcção ao portão numa enorme velocidade.
Passados alguns dias João o caminho habitual
Teve que retomar,
As aulas de Inglês não se faziam esperar.
De passos alongados chispava com o que sentia
Quando perto do cemitério se via.
Mais uma vez aqueles ruídos pairavam no ar
E ele não resistiu e deixou-se cativar.
A curiosidade soprava ao seu ouvido
Tinha que descobrir mais sobre o acontecido.
Avançou de modo intrepido
Até à laje daquele desconhecido.
Afastou de si tudo o que era temido
E fez-lhe novamente o mesmo pedido.
«Senhor, que faz aqui a esta hora?
Já não devia se ter ido embora?»
A figurinha repugnante apenas lhe fez sinal
Com sua mão ancestral
Para se acercar dela.
João de olhar nublado e movimento atordoado
Seguiu seu fado,
Os sons vindos de suas entranhas amarfanhou
E aquele ser bafejado pela morte escutou.
Ao seu ouvido balbuciou-lhe em segredo
Aquilo que no João antes tinha provocado medo.
«Sabe, estou aqui à dias a trabalhar,
Porque em sossego não me deixam repousar.
Imagine o amigo só
Como meu estômago ficou num nó
E a alterar a situação não resisti
Quando descobri
QUE ESCREVERAM MAL O MEU NOME.
MILENA
Sem comentários:
Enviar um comentário